Apesar da imagem, o eficiente sistema de comportas de aço, empregado no Mercado da Lapa, evitou que as águas invadissem o interior do mesmo.
O temporal que atingiu a capital paulista na última terça-feira, 20, primeiro dia do outono, causou desabamentos, quedas de árvores e a interdição de ruas e avenidas. Toda a cidade de São Paulo entrou em atenção para alagamentos e pelo menos 26 vias ficaram intransitáveis, entre elas a Marginal do Tietê, a Rebouças e a Avenida 23 de Maio, entre outras.
O temporal se estendeu até a noite em algumas regiões. O desabamento de barracos na favela da Água Branca, na região oeste da cidade, a região mais atingida pelo temporal. “Foi uma cena horrível”, relatou uma mulher que há 38 anos mora na favela e não quis se identificar. “Parecia um dilúvio, a água veio de cima para baixo arrastando tudo.”
Segundo afirmam os moradores, o desastre começou após uma ponte de madeira, construída pela comunidade, arrebentar e ser arrastada pela força das águas. “A ponte saiu arrastando os barracos que ficam no córrego. Isso tudo era tomado por barraco”, disse a moradora, apontando para uma parte da margem onde não se vê mais nenhuma casa em pé.
O secretário adjunto das prefeituras regionais de São Paulo, Milton Persoli, informou que cerca de 500 pessoas ficaram desabrigadas na Comunidade Vila do Sapo, na região oeste da capital. Segundo o secretário, elas receberam atendimento imediato da Defesa Civil durante a madrugada desta terça. Atendentes do órgão ainda estão no local para dar continuidade ao atendimento.
Segundo balanço parcial do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura, a média de precipitação na capital foi de 28,1 milímetros até 19h50. As regiões mais afetadas foram as regiões oeste (49,4 mm) e centro (42,3 mm). A média de chuvas para o mês de março é de 175,5 mm.
Trânsito
A forte chuva também causou lentidão no trânsito. Vias importantes da cidade como a Avenida 23 de Maio e a 9 de Julho ficaram interditadas, no sentido do Aeroporto de Congonhas, na zona sul. O Túnel do Anhangabaú, na região central, ficou fechado por pelo menos meia hora. E a Rebouças, na zona oeste, e a Marginal do Tietê, na zona norte, ainda tinham pontos de alagamentos na noite desta terça.
Às 20 horas, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) apontava lentidão em 9,7% das vias monitoradas na cidade – valor acima da média superior para o horário, de 6,2%.
A aposentada Rumely de Francischi, de 68 anos, lamentava o congestionamento no início da noite desta terça. “Fiquei uma hora e meia parada a 500 metros da minha casa”, disse.
Na Barra Funda, região oeste, o trânsito travou. No fim da tarde, motoristas levavam mais de uma hora para andar cerca de um quilômetro e passageiros em ônibus preferiam descer e fazer o percurso a pé. As chuvas também causaram lentidão na circulação de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e no Metrô.