As restrições impostas por governos estaduais e municipais têm afetado bastante o setor de bares e restaurantes. Pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), realizada em fevereiro, mostra que 80% das empresas estão trabalhando sob restrições, crescimento de 11% em relação ao último levantamento, feito em janeiro.
Em São Paulo, por exemplo, até 19 de março, bares estão proibidos de funcionar e restaurantes, apenas pelo sistema de drive-thru, uma vez que todo o Estado regrediu para a fase vermelha.
Outro dado negativo revela que, em São Paulo, 72% das empresas estão operando com prejuízo, além de outras 60%, em nível nacional, que têm apresentado problemas financeiros, como pagamentos de dívidas em atraso.
Mesmo diante deste cenário, a associação apoia as restrições, para evitar a propagação da Covid-19, porém o presidente da Abrasel/SP, Joaquim Saraiva de Almeida, faz um adendo. “O toque de restrição será uma medida positiva, desde que acompanhado de uma fiscalização eficiente, com o objetivo de evitar as festas clandestinas, pancadões e outras aglomerações.”
Almeida, entretanto, lembra que a fase anterior, laranja, já exigia ajustes em alguns pontos, como a determinação de que bares que vendem apenas bebidas alcoólicas não poderiam funcionar em nenhum horário e os restaurantes, por apenas 8h por dia, com fechamento às 20h. “As pessoas não vão para um restaurante jantar às 18h ou 19h, por terem que sair às 20h. Não faz parte da cultura brasileira jantar tão cedo”, justifica.
Protocolos – Apesar de serem afetados pelas medidas restritivas, o presidente da Abrasel/SP destaca que os bares e restaurantes estão seguindo todos os protocolos exigidos, como o respeito à capacidade de, no máximo, 40% dos lugares, higienização, distanciamento entre mesas e cadeiras, máscaras. Além disso, diz, não há pesquisa mostrando que a abertura desses estabelecimentos contribui com a transmissão da Covid-19. “Os clientes sentem-se seguros e, por isso, vão aos restaurantes. Agora, não podendo trabalhar no jantar, os proprietários não conseguem pagar as suas contas”, admite.
Almeida reconhece que tem havido um pouco mais de diálogo do Governo do Estado, inclusive reconhecendo que os restaurantes cumprem o seu papel e que as festas e aglomerações clandestinas estão sendo um grande problema, algo que já vínha sendo alertado pela associação.
Desafios – O presidente da Abrasel/SP reclama, entretanto, que o abre e fecha constante, sem planejamento, traz ainda mais instabilidade ao setor e ela vem recheada de desafios. O maior deles é monetário, em razão dos comerciantes não poderem trabalhar e atender os poucos clientes que ainda vão aos restaurantes. “Esse vai-e-vem de decisões impede que eles planejem e o seu orçamento, que já é deficitário, se agrava ainda mais”, diz.
Aliás, seria o agravamento de uma situação já bastante delicada. Desde o início da pandemia, no Estado de São Paulo, já foram fechados 50 mil estabelecimentos, sendo 12 mil na capital, o que originou 300 mil desempregos. “Se não houver um ponto de equilíbrio na abertura do comércio e uma maior conscientização na sociedade, a situação vai ficar gravíssima.”
Soluções – Para que isto não se torne uma realidade, a Abrasel defende a preservação das vidas, por meio do envolvimento de toda a sociedade, através de fortes campanhas e punições severas dos descumprimentos e abusos das festas clandestinas, pancadões e outras aglomerações abusivas.
Outra solução é a vacinação em massa. A associação apoia a campanha “Vacina, eu Confio” e, há dois meses, fez uma grande campanha em nível nacional a favor dela. “Será a nossa salvação, se formos rápidos e eficazes na imunização da nossa população.”
Almeida diz, por fim, que cabe, sim, aos bares e restaurantes trabalhar com todo o cuidado, mas acredita que não há a necessidade de fechar as portas. “Queremos ajudar o país na questão da saúde, mas é preciso evitar a quebradeira e o caos total, pois levaremos anos para endireitar a nossa economia”, encerra.
Sobre a Abrasel – A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é uma organização de cunho associativo empresarial que tem como missão representar e desenvolver o setor de Alimentação Fora do Lar (AFL), facilitando o empreender e melhorando a qualidade de vida no país. Mais informações no site www.abrasel.com.br