Comunidade clama por reabertura do Hospital Sorocabana
Medida seria essencial neste momento de lotação das unidades de saúde, por conta da pandemia da Covid-19
As comunidades da Lapa e adjacências estão unidas em prol da reabertura do Hospital Sorocabana, um dos poucos que atendia a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e que está fechado, acreditem, desde o ano de 2010.
A briga é antiga, mas ela ganha ainda mais importância neste momento de propagação do coronavírus, cuja pandemia tem levado às lotações de diversas unidades de saúde. Até 16 de abril, já havia a contabilização de 29.165 infectados e 1.764 mortos em todos os estados. Até 13 de abril, dados do Município mostram que foram registrados 33 óbitos em Pinheiros, 32 na Lapa, 44 em Pirituba/Jaraguá, 55 na Freguesia do Ó/Brasilândia e 26 no Butantã.
A reabertura é uma necessidade e tem sido defendida, há tempos, pelo Comitê de Defesa do Hospital Sorocabana. Números demonstram a importância do estabelecimento não só para moradores do distrito da Lapa, mas também para bairros vizinhos e cidades da região metropolitana oeste, que também usufruíam seus serviços de saúde. Levantamento do comitê revela que, em 2009, ano que antecedeu o fechamento do hospital, havia 217 leitos de internação, eram realizados 500 partos e 20 mil atendimentos mensais.
Quem também encampa a reabertura do Sorocabana é o Conselho Participativo Municipal (CPM) da Lapa que, no final de março, entregou um ofício ao prefeito Bruno Covas e ao governador João Doria, solicitando a inclusão do Hospital Sorocabana nos planos de contingência e combate à pandemia do novo coronavírus, mediante sua abertura imediata e atendimento integrado ao SUS.
Histórico – Em 2012, o Governo do Estado, proprietário do imóvel, depois de entrar com medida judicial, retomou o prédio, cedeu ao município e implantou um AMA Especialidades. Em 2016, o decreto de cessão (61.902) foi atualizado por 20 anos e o Município ali implantou uma unidade do Hospital-Dia e um Centro Especializado de Reabilitação (CER), que ocupam o térreo e o mezanino.
Entretanto, outros cinco pavimentos estão ociosos e são eles que a comunidade reivindica para funcionamento do hospital, que seria um legado para a população, ao contrário dos hospitais de campanha, por exemplo, que foram instalados apenas de maneira provisória no Estádio do Pacaembu e Centro de Convenções do Anhembi.
Empurra-empurra – A política de boa vizinhança entre Prefeitura e Governo do Estado parece ter parado na cessão de uso de parte do equipamento. Na ocasião, a comunidade até ficou esperançosa da reabertura, que não foi adiante. Em nota oficial, a Prefeitura esclarece que o terreno do Sorocabana pertence ao Governo do Estado. Dessa maneira, portanto, ficam inviabilizados investimentos pelo município naquele local, além dos que já foram feitos. Por sua vez, o Governo do Estado afirma ter concedido o uso integral da edificação para o município e que, portanto, a questão da reabertura do Hospital Sorocabana diz respeito à prefeitura. Na ocasião, diz o Estado, o intuito era justamente o de suprir a carência de leitos hospitalares, voltados ao atendimento da população dependente do SUS.
Por trás desses posicionamentos pouco aprofundados, está uma população que clama pela reabertura de um hospital, mas cuja voz parece não ser ouvida, mesmo diante da dramática situação de saúde que vivenciamos atualmente.