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PELA PRESERVAÇÃO DOS BOSQUES DE SÃO PAULO

LUIZA  NAGIB ELUF
Nos últimos tempos, a capital paulista vem sendo castigada pela construção civil desordenada e afoita, que não se importa em devastar as poucas áreas verdes que restaram aos sofridos moradores de nosso território, ignorando as consequências danosas ao meio ambiente, à saúde pública e ao bem estar da população em geral. Infelizmente, nem sempre as pessoas têm olhos para a devastação ambiental, mirando apenas o aumento do capital financeiro em detrimento da paz que deveria reinar soberana e ajudar a megalópole a desempenhar seu verdadeiro papel – o bem estar da população.
Evidentemente, a cidade de São Paulo precisa de uma reformulação geral e de novas diretrizes que possam aliviar os grandes transtornos criados por uma, aparentemente, “terra sem lei”. Em nossa sofrida Capital, todos parecem, de alguma forma, transtornados com as condições de vida na metrópole, com o excesso de poluição sonora e atmosférica, com o barulho produzido por escapamentos, buzinas, e gritarias, roncos assustadores das motocicletas, trânsito parado, enormes congestionamentos…
No presente momento, os moradores dos bairros da Lapa, Bela Aliança, Vila Leopoldina, Vila Anastácio, Vila Argentina , Vila Ipojuca, Vila Romana, dentre outros bairros tradicionais da região oeste da Capital Paulista estão sob risco de perder uma preciosidade existente há quase cem anos na região: o chamado “Bosque do Instituto dos Salesianos”. Trata-se de local quase centenário, uma relíquia de paz, harmonia, bem-estar, saúde física e mental dos moradores e visitantes, situado à Rua Pio XI, 1100. O bosque acolhe pássaros que irão todos morrer se houver a devastação da vegetação local! Trata-se de um terreno de cerca de 7 mil m2, que possui uma edificação baixa e destaca-se por ter uma grande área verde, coberta de plantas e árvores, bem como vegetação nativa que abriga várias espécies de pássaros. Em razão da importância desse ecossistema ambiental, em 20 de setembro de 1989, o Governo do Estado de São Paulo reconheceu essa área como patrimônio ambiental por meio do Decreto número 30.443/89, que em seu artigo 4º, cita o referido terreno do Instituto da seguinte maneira: “São imunes de corte, em razão de sua localização, todas as árvores existentes nas seguintes áreas institucionais e de uso público: “Instituto Salesiano Pio XI”.
Recentemente, parte desta área acima mencionada, exatamente onde está localizado o ecossistema ambiental, foi comercializada pelo valor de R$ 95.000.0000,00 (noventa e cinco milhões de reais). Após essa negociação, o patrimônio ambiental vem sendo destruído de maneira progressiva, conforme informações dos vizinhos, fazendo desaparecer espécies arbóreas, com grandes prejuízos à saúde, ao bem-estar e à tranquilidade de toda a população, que não se conforma com essa destruição. É fato que São Paulo não necessita mais de novos empreendimentos imobiliários, de novos condomínios e de muito concreto! São numerosos os imóveis desocupados na Capital, desde o Centro até a periferia, sendo que uma administração atenta e correta poderia equacionar o problema conclamando um grupo de engenheiros e arquitetos para harmonizar o território e transformar São Paulo em um local mais habitável, pacífico, limpo e confortável. Porém, na prática, o que se enxerga é o caos! Os últimos dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas apontaram o aumento de 24%  em relação a dezembro de 2023 da população em situação de rua, atingindo o espantoso número de mais de 80 mil pessoas em condições precárias. Essa deveria ser a preocupação principal dos administradores da cidade, em lugar de incentivar a especulação imobiliária, em prejuízo das nossas árvores e do meio ambiente.

Luiza Nagib Eluf é advogada.

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