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O SEQUESTRO DO ELEVADOR

Embora tenhamos atualmente dezenas de edifícios inteligentes na cidade, existem fincados na metrópole entre torres modernas prédios que ainda não se modernizaram. São aqueles construídos nos anos quarenta, cinquenta que carecem de recursos ou estão em vias de atualizações.
Um desses edifícios do centro se enquadra nesta categoria. Construção antiga que o tempo e o desmazelo se encarregaram de judiar tem um nome pomposo: Edifício Comercial Baronesa da Serra de Itatiaia, com oito andares e dois elevadores que mais quebram do que funcionam.
Esse mesmo prédio foi alvo de bandidos um dia desses. Dois vagabundos entraram no elevador juntamente com mais três pessoas no instante que o porteiro Genivaldo se distraíra com a Dona Margô, a gostosa da minissaia que trabalha no primeiro andar e só sobe pelas escadas. Até parece caso combinado, mas a verdade é que os meliantes se deram bem até aquele momento.
Antes que os três passageiros pudessem reagir, com as armas empunhadas os delinquentes rendem aquelas indivíduos, mas o imponderável marcou presença naquele instante, as luzes se apagaram e o caixote parou entre o primeiro e o segundo andares para desespero dos cinco, quando um dos bandidos fala:
— Não gritem, não gritem senão eu passo fogo em um aqui.
Dona Margô que estava a caminho percebeu a movimentação e mesmo em meio à escuridão desceu até a recepção e trêmula avisou o porteiro:
— Genivaldo, o elevador parou no segundo andar e pude escutar uma pessoa ameaçar as outras com uma arma.
— Tem certeza disso?
— Tenho sim, deu para ouvir muito bem.
Genivaldo, homem valente não se intimidou e querendo se mostrar para a boazuda subiu degrau por degrau tateando a parede até se aproximar da gaiola:
— Eu sei que você tá armado. Vou chamar a polícia. É melhor se entregar.
Um dos bandidos responde:
— Entregar eu não me entrego. Mato todo mundo. Levo até o elevador comigo se preciso for.
Temendo pelo pior, Genivaldo com o celular aciona o um nove zero e desesperado fala para o atendente:
— Pelo amor de Deus, mande um polícia aqui para o prédio porque acabam de sequestrar o elevador.

Samuel De Leonardo (Tute) é publicitário. Atuou em diversas agências de Publicidade de São Paulo. Publicou os livros: “Hacasos” em 2016 e “Versos & Prosas” em 2022. Tem alguns de seus textos inseridos nos sites Recanto das Letras, Casa dos Poetas e das Poesias, e textos radiofonizados na voz do âncora Milton Jung, no programete Conte a sua história de São Paulo da Rádio CBN SP. samuel.leo@hotmail.com.br e Facebook@samueldeleonardo.

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