A Universidade de São Paulo deu início desde o dia 14 de junho, a instalação de grades em parte do muro de vidro que separa sua raia olímpica da Marginal Pinheiros, onde gradis substituirão os painéis de vidro quebrados.
Foi realizada uma primeira licitação no início deste ano para instalação de parte do gradil. Para conclusão dos trabalhos, ainda sem prazo, houve um segundo processo licitatório, cujo vencedor deve ser anunciado este mês. Segundo a USP, que arcará com os custos da obra, a opção por duas licitações se deu pela extensão da obra e pela quantidade de gradis a serem instalados em seus 2.200 metros.
ENTENDA O CASO: Inaugurado em 2018, o “contraditório” muro de vidro da USP foi um projeto do então prefeito João Doria (PSDB). A idéia era que a obra viabilizasse a visualização da raia olímpica e de parte dos prédios da universidade. Fruto de uma parceria sem contrato entre a USP, a Prefeitura de São Paulo e pelo menos 44 empresas, o projeto foi orçado em R$ 15 milhões. Apesar da cooperação para realizar o empreendimento, todo o muro e seu entorno passaram a ficar sob gestão solo da USP. Problemas surgiram poucos meses após a construção, pois houve falhas na instalação que levaram a quebras recorrentes das placas, conforme laudos da Polícia Civil. A falta de uma peça de borracha usada para calçar as placas de vidro e evitar o contato direto com a esquadria de alumínio, aumentando as chances de quebra, foi detectada pela polícia em análises de peças que se quebraram desde a inauguração do muro. Os problemas derivados do projeto acabaram gerando reclamações dos esportistas que usam a raia olímpica. Vários deles queixaram-se da trepidação das águas, do barulho constante causado pelo trânsito e da recorrente presença de invasões. A sujeira também incomoda, quem transita pela marginal, com cacos de vidro espalhados por toda a extensão da obra.
A Prefeitura do Campus da USP da Capital, comandada pela urbanista Raquel Rolnik, preferiu não falar sobre valores, mas prometeu a instalação de um corredor verde em frente ao muro. A ideia inicial era que o corredor substituísse o muro de vidro, mas foi deixada de lado. Agora, a cerca viva deve cumprir o papel de cobrir o anteparo remendado, além de possíveis danos futuros aos painéis de vidro ainda inteiros, que, por enquanto, ficarão no local.
Esse novo projeto, já preparado para licitação, também pretende filtrar a poluição sonora e atmosférica. E, segundo a prefeita Rolnik, dará solução para um último problema: a morte de pássaros que não enxergam o vidro e acabam colidindo com ele. A USP deve também, para preservar a vida desses pássaros, aplicar uma película mais escura às placas transparentes. Hoje quem passa pela marginal pode ver adesivos pretos com contorno de pássaros aplicados ao vidro, instalados para tentar evitar os acidentes dos animais.
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