A Secretaria da Agricultura do Estado deve anunciar em junho onde será a Nova Ceagesp. A pasta analisa quatro projetos da iniciativa privada para mudar o entreposto de lugar , localizado hoje na região Oeste de São Paulo.
Já os empresários que trabalham lá, dizem que tem uma proposta de reforma do atual espaço.
Pelo menos 20 mil veículos e 40 mil pessoas circulam pelo local para comprar e vender hortifrutigranjeiros, pescados, flores e outros, movimentando mais de 3 milhões de toneladas de produtos por ano. Inaugurado nos anos 1960, o maior entreposto da América Latina foi estrangulado pelo crescimento urbano e prejudicado pela falta de investimento da União, a dona da área.
O poder público discute há anos o futuro do entreposto. O governo estadual chamou empresas para apresentar projetos e quatro foram selecionados. Elas planejam obras perto do Rodoanel, construções sustentáveis e áreas de descanso para caminhoneiros.
Um projeto, chamado de “novo entreposto de São Paulo”, prevê construir o complexo perto da Rodovia dos Bandeirantes, em Perus, região noroeste de São Paulo. O consórcio é formado por um grupo de permissionários da atual Ceagesp e promete espaço exclusivo para a venda de pequenos produtores ao consumidor, além de um centro de pesquisas de hortifruti.
Já outro projeto, o “centro de abastecimento alimentar de São Paulo”, planeja usar uma área entre as rodovias Castello Branco e Anhanguera, em Santana de Parnaíba. A ideia quer integrar a futura Ceagesp à zona cerealista, que hoje fica no centro da capital, além de criar um complexo turístico no local.
Um terceiro projeto, o “Mira SP”, pretende usar um terreno na avenida Raimundo Pereira de Magalhães, a 700 metros do Rodoanel Norte. Tem entre os diferenciais, a integração do prédio com linhas da CPTM, a divisão das áreas de abastecimento por pavilhões e a preservação de 500 mil metros quadrados de mata.
Há ainda uma quinta proposta, que não chegou a ser apresentada ainda ao governo do Estado, mas que é defendida por seis sindicatos que atuam na Ceagesp. Eles pretendem fazer a modernização do local e manter o entreposto no mesmo lugar onde está hoje. O grupo acha que é possível revitalizar a Ceagesp por um preço bem menor que construir uma nova. Como exemplos, “o próprio entreposto de Tóquio, fica no centro da cidade; os de Madri e Buenos Aires, também ficam na cidade. Então, não é uma necessidade de se colocar pra fora”, diz Hilton Piquera, diretor do Sindicato dos Comerciantes Atacadistas de Hortifruti e Pescados em Entrepostos do Estado de São Paulo.
“Podemos verticalizar estacionamento, áreas de comercialização, com infraestrutura elétrica pra poder ter câmara frigorífica, pra melhorar o abastecimento e a armazenagem dos produtos. E com isso melhorar a qualidade e diminuir o preço do produto”, afirma Piquera.
Eles argumentam que a população ao redor é consumidora. “Se isso se deslocar pra fora da cidade, vai acabar o varejo. Vai acabar essa qualidade que tem de o pessoal vir comprar. E o atacado somente, não se sustenta sem o varejo”, argumenta.
O presidente do sindicato dos permissionários em centrais de abastecimento de alimentos do estado defende obras com urgência, já que a mudança, se houver, vai levar anos.
“Esse entreposto aqui, ele ainda oferece um período de vida útil desde que recuperado e revitalizado pra que nós possamos, no futuro, estar em um outro mercado, se é que nós estaremos em um outro mercado”, disse Claudio Furquim. “Este entreposto está sucateado, é um modelo que está defasado, não comporta fisicamente todas as mudanças, todas as mudanças necessárias, mas ele ainda tem um período de vida útil”, disse.
O Consórcio Fral, com terreno na região de Barueri, preferiu não mostrar antes da definição do projeto vencedor a sua proposta.