Eles não são as Tartarugas Ninja. Muito menos os piratas do Caribe e nem o famoso cavaleiro Zorro. Mas esses heróis podem ser usados como pano de fundo para uma iniciativa bem bacana que está acontecendo na Escola Estadual Alfredo Paulino, na Rua Caativa, Alto da Lapa. Trata-se do Projeto “Esgrima Escolar”, idealizado pelo professor de educação física, Eduardo Maia Simões, e que envolve os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental.
Criado em 2017, o projeto está dividido em diversas etapas: a primeira, teórica, estimula os alunos a pesquisar sobre a modalidade esportiva que faz parte dos Jogos Olímpicos, desde a primeira edição da era moderna, realizada na Grécia, em 1896.
A segunda etapa é uma verdadeira lição de cidadania. Sem recursos para a aquisição dos equipamentos necessários para o exercício da esgrima, o jeito foi improvisar. Então, sob a coordenação de Simões, os alunos literalmente colocaram a mão na massa. Assim, papel-jornal revestido com adesivo vira espada; caixas de papelão tornam-se coletes e óculos de natação e capacetes doados garantem a segurança e a alegria dos participantes. “Quando eles estão confeccionando os materiais, trabalham a sua coordenação motora fina”, diz o professor, mostrando que o projeto tem propósitos educacionais bastante sólidos.
E o que parece uma grande brincadeira é usado como ferramenta para trabalhar outros conceitos importantes, como disciplina, foco e concentração. “O projeto tem se mostrado importante também para aumentar a autoestima dos alunos”, acrescenta Simões.
E são eles os que mais aprovam a ideia do professor de educação física. Caso de Bruno Rezende Nunes, 9 anos, que está na 4ª série B. “Não é um esporte comum, mas que ajuda a gente a trabalhar a agilidade e a nossa inteligência”, afirma. A opinião é compartilhada por sua colega de classe, Kemilly Araújo da Silva, também com 9 anos, que acrescenta o fato de a prática do esporte contribuir para uma vida saudável.
Na prática – Antes de praticar a esgrima com seus materiais sustentáveis, os alunos passam por uma sessão de alongamento. A partir daí, simulam exercícios de ataque e defesa e são estimulados a respeitar, sempre, os seus oponentes. “A cada luta, eles devem cumprimentar os seus adversários”, destaca o professor.
Há ainda a realização anual de um torneio interclasses, com premiação dos finalistas, que mexe com o brio de todos os estudantes. Além dos protagonistas, não poderia faltar, é claro, uma calorosa torcida e disputas acirradas. “É o ponto alto do projeto”, diz Simões.
O professor lembra, no entanto, que tudo isso só foi possível graças ao apoio incondicional da diretora, Rosângela de Lima Yarshell, e de toda a equipe de coordenação. “Muitas vezes, o profissional se acomoda por não haver uma infraestrutura ideal para seu trabalho, mas é preciso ter criatividade e desafiar os alunos com propostas diferentes”, acredita.
Agora, com o projeto já solidificado entre os alunos, o próximo passo é trazer esgrimistas profissionais, inclusive paralímpicos, para aulas demonstrativas. “Aqui, na escola, já contamos com a participação de alunos especiais, o que demonstra também o caráter inclusivo do esporte”, finaliza o professor.
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