Os flavivírus compõem uma família de vírus cujos integrantes são responsáveis por várias enfermidades que afetam humanos e animais, entre elas, dengue, zika e febre amarela. Um novo teste, sensível e rápido, para identificar flavivírus foi validado por Mariana Sequetin Cunha e colaboradores no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
O artigo (em inglês) foi publicado no periódico Archives of Virology. A pesquisa recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do projeto temático Estudo epidemiológico da dengue (sorotipos 1 a 4) em coorte prospectiva de São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil, durante 2014 a 2018, coordenado por Maurício Lacerda Nogueira, e do projeto regular “Estudo de alterações patológicas em situações ligadas à perícia em medicina veterinária”, coordenado por Paulo Cesar Maiorka.
“Nosso objetivo foi melhorar o monitoramento dos flavivírus no Brasil por meio de um método confiável. E, para isso, utilizamos a técnica RT-qPCR [da expressão, em inglês, Real-Time Quantitative Polymerase Chain Reaction], diz Mariana Sequetin Cunha à Agência Fapesp.
Técnica – Essa técnica – que pode ser descrita mais extensamente como “transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real” – permite detectar a molécula-alvo de RNA durante a própria realização do exame. E tornou-se agora uma espécie de padrão-ouro para identificação de vírus, uma vez que foi recomendada pela Organização Mundial de Saúde para a testagem do novo coronavírus.
“Até recentemente, o principal método usado no Brasil para identificação dos flavivírus exigia inocular o material suspeito, colhido de pacientes humanos ou animais, nos cérebros de camundongos neonatos. Quando comecei a pesquisar no Instituto Adolfo Lutz em 2012, minha ideia foi estabelecer um método alternativo, que prescindisse dos camundongos, submetendo diretamente as amostras, extraídas do sangue, soro ou vísceras dos pacientes, à PCR quantitativa em tempo real”, salienta a pesquisadora.
A questão-chave era saber quão sensível poderia ser a RT-qPCR, de modo a identificar na amostra mesmo uma concentração muito baixa de vírus. A pesquisadora conta que havia, no Instituto Adolfo Lutz, uma grande quantidade de camundongos, inoculados na década de 1990 e congelados a 80 graus negativos (-80º C).
“O que fiz foi extrair o material genético dos cérebros desses animais e, por meio da titulação de soluções cada vez mais diluídas, avaliar o limite de detecção da RT-qPCR para as diferentes variedades de flavivírus”, pontua.
Diferencial – O protocolo estabelecido mostrou-se altamente sensível e específico, podendo ser utilizado para o diagnóstico diferencial dos diferentes flavivírus que ocorrem no Brasil. E também para o monitoramento viral em animais sentinelas e vetores.
“Vamos testar agora em amostras novas que estamos recebendo. Acredito que haja nelas, especialmente em mosquitos, variedades de flavivírus ainda não descritas na literatura”, conclui Sequetin.
O artigo pode ser acessado em https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00705-020-04680-w.
Fonte: saopaulo.sp.gov.br
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