Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) testaram pela primeira vez nesta segunda-feira (13) o ventilador pulmonar para emergências. O equipamento foi produzido em até duas horas e é 15 vezes mais barato do que os aparelhos disponíveis no mercado.
Testes mecânicos e feitos em animais apresentaram resultados positivos, segundo os responsáveis pelo projeto.
Batizado de “Inspire”, o respirador foi criado para suprir uma possível demanda do equipamento hospitalar durante a pandemia do coronavírus, com baixo custo, tecnologia e componentes nacionais. O resultado é um equipamento produzido com mais rapidez e menor custo.
“Na semana passada, os ventiladores foram testados em pulmões mecânicos e em pulmões mecânicos dinâmicos, que reproduzem os movimentos do diafragma. Hoje, o ventilador pulmonar reagiu bem aos desafios e permitiu o controle dos sinais vitais do animal”, explicou o pesquisador Raul González Lima, da Escola Politécnica da USP.
De acordo com o professor, o próximo passo é a realização de mais uma bateria de testes no pulmão dinâmico, em animais e em humanos. Com os resultados, a equipe vai elaborar um relatório técnico para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), contendo a análise de riscos e as instruções de uso.
O Projeto – O projeto do ventilador pulmonar foi feito em 20 dias por uma equipe de 40 especialistas, entre engenheiros biomédicos, mecânicos, mecatrônicos, eletrônicos e de produção, que dedicaram a vida ao estudo de cada componente e função do aparelho.
O teste desta segunda-feira foi realizado no laboratório de investigação médica da Faculdade de Medicina, sob coordenação da professora e médica veterinária Denise Tabacchi Fantoni.
No Brasil, os testes com animais são submetidos a comitês de ética. A principal ênfase é não causar sofrimento ou dor. O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) estabelece normas que protegem o bem-estar dos animais.
O estudo durou cerca de três horas e meia, durante as quais o ventilador pulmonar foi submetido a diferentes mudanças de complacência e resistência das vias aéreas, sob aprovação da comissão de ética de pesquisas da faculdade.
Fabricação – A USP está reproduzindo os protótipos para a realização de testes, mas não será responsável pela fabricação dos ventiladores, que deverá ser feita por indústrias do setor médico, odontológico e hospitalar autorizadas pela Anvisa. O projeto terá licença aberta para os interessados.
“Muitas indústrias já demostraram desejo de montar o equipamento e em desenvolver componentes. A sociedade em geral tem mostrado interesse no uso desse tipo de equipamento”, disse o professor Raul González Lima.
“Só é importante destacar que este é um ventilador pulmonar emergencial com um escopo de uso bastante definido: caso faltem ventiladores comerciais, a universidade gostaria de estar preparada para esta situação, com um projeto facilmente replicado por indústrias que tenham protocolos de biossegurança aprovados pela Anvisa”, completou.
O tempo total de fabricação do respirador é inferior a duas horas e o custo estimado do aparelho será de R$ 1 mil reais – o ventilador mais barato no mercado custa R$ 15 mil, de acordo com a USP.
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