Reconhecer o pedestre como protagonista da cidade gerando qualidade de vida e sustentabilidade é a principal meta do “Maratona Diária pela Vida”, que acontecerá em São Paulo no dia 25 de janeiro, das 10h às 17h, na Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar. A via dá acesso a quase oito institutos do complexo do Hospital das Clínicas (HC) da USP e foi pouco pensada para as pessoas que circulam diariamente no local. Seja para atendimentos de emergência, consultas, acompanhamento de parentes ou realização de exames, todos sofrem com a má conservação das calçadas, o trânsito de carros que prejudica o acesso das ambulâncias, a falta de banheiros públicos e a pouca oferta de locais para comer. O problema é ainda mais grave se considerar que boa parte do movimento é de pessoas com mobilidade reduzida.
Resultado de uma parceria que envolve o HC e a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), o evento visa repensar a mobilidade do entorno da Avenida, que registra a circulação anual de mais de 1,5 milhão de pessoas em busca de consultas e exames em um dos institutos do complexo do Hospital das Clínicas. “Será o começo de uma grande mudança bem no coração do maior complexo hospitalar da América Latina”, destaca a urbanista Carolina Guido, cofundadora da Urb-i, ao ressaltar que a dificuldade de acesso se estende também aos acompanhantes dos pacientes e aos profissionais da saúde. Isso porque as calçadas são estreitas, não há área de permanência e os bancos para descanso são raros.
No dia do aniversário de São Paulo, o fluxo de veículos será restrito apenas às ambulâncias, segundo um dos organizadores do evento, Marcio Nigro. “As vagas de estacionamento se tornarão espaços de convívio e de atividades para as pessoas e parte da rua será usada como uma ampliação das calçadas, tornando-as maiores e confortáveis. Também haverá atividades de lazer e saúde, além de food trucks e banheiros públicos. Tudo será feito com cones, plantas e materiais fáceis de serem removidos”, explica. A programação completa pode ser conferida no site: https://viradadamobilidade.com.br/
Durante o evento, serão coletados dados e, posteriormente, testadas as mudanças propostas por um time de urbanistas em parceria com a CET. Após os testes e observações, o segundo passo é desenvolver o projeto temporário, em que as melhorias são feitas com material leve e duram de 1 a 2 anos. Só depois é que as mudanças permanentes são projetadas e saem do papel. “Essa metodologia é o urbanismo tático, que vem sendo usada com sucesso em transformações urbanas ao redor do mundo”, finaliza Carolina.
A ideia do evento surgiu na Virada da Mobilidade de 2017, após a exibição do documentário ‘Dis’Mobilidade Urbana, realizado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e a Faculdade de Medicina da USP. O filme, premiado no Mobifilm 2017, mostra os problemas enfrentados por quem circula pela Dr. Enéas.
Além do HC, FMUSP, Caronetas e URb-i, organizam o evento o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, o Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA) e o Instituto Cidade em Movimento (IVM).