Um projeto desenvolvido pela empresa Orla Brasil propõe implantar o conceito de praia urbana no Parque Villa-Lobos. O complexo contaria com quadras, quiosques e restaurantes em um espaço coberto por areia que receberia, segundo os organizadores, aulas de diferentes modalidades esportivas e gratuitas diariamente.
O que o projeto planeja entregar? A idéia é trazer o conceito de orla para dentro da cidade. “Nosso objetivo é oferecer novas experiências que harmonizem bem-estar, lazer e entretenimento em um ambiente natural e sustentável”, diz Guilherme Borges, sócio-fundador da Orla Brasil. Para isto, além de trazer a areia para recriar o ambiente praiano, a Orla terá um parque infantil com chafarizes, uma série de quiosques com gastronomia variada e atividades gratuitas durante a semana como ioga, alongamento e ginástica, entre outras modalidades.
No total, seriam 8 mil m² destinados ao projeto — para efeito de comparação, o parque tem cerca de 732 mil m².
Ao redor da área central da Orla, serão distribuídas cinco quadras específicas para esportes na areia. Eduardo Rigotto, CEO da Reserva Parques (concessionária responsável pela gestão do parque, privatizado em 2022), afirma que o projeto é uma oportunidade, também, para modernizar os equipamentos esportivos oferecidos ao público e ampliar as opções de práticas esportivas, como o beach tennis, modalidade que vem ganhando milhares de adeptos paulistanos. “ [O projeto visa] Democratizar o acesso aos esportes de areia que ainda são praticados majoritariamente em áreas privadas na capital”, explica.
Segundo o cronograma da Orla Brasil, o projeto deve sair do papel ainda em 2025. “O canteiro de obras e a mobilização se iniciam ainda em fevereiro”, diz Borges. A previsão de conclusão é de sete meses, a depender das condições climáticas. Caso as obras sigam conforme o planejado, a Orla Villa-Lobos estará aberta ao público em meados de setembro.
Apesar das promessas, a Orla Villa-Lobos, prevista para ser entregue ainda este ano, enfrenta resistência da SAAP (Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros).
Associação é contrária ao projeto: o projeto da Orla Brasil foi apresentado, também, ao Conselho do Parque. A Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros (SAAP), associação sem fins lucrativos dedicada à preservação do bairro, se diz contrária ao projeto. Ignez Barretto, presidente do Conselho Consultivo da SAAP e membro do Conselho do Villa-Lobos, explica que não concorda com a implementação da Orla por conta de sua dimensão. “ [Espaços para] beach tennis menores talvez sejam positivos. Achamos que a dimensão e o formato do projeto não são uma boa proposta para os usuários do parque”, diz.
A Orla será construída onde, hoje, há um campo de futebol. Para Ignez, há um risco de perda não só deste campo, mas de área verde como um todo. Segundo a Reserva Parques, o campo em questão será remanejado para o outro lado do parque, junto aos demais campos para a modalidade. “Nenhuma área verde será suprimida”, diz Rigotto.
Ignez ressalta, ainda, que o projeto pode “descaracterizar” o parque. “Não sou contra atrações, mas [eventuais shows e instalações] são eventos dispersos feitos por diferentes empresas. Com a Orla, perdemos um pouco da unidade e da qualidade do que usuários e cidadãos entendem como um parque”, explica. “O problema é que o contrato de concessão é um pouco vago e dá margem para fazerem isso [ter espaços com acesso mediante pagamento, como parte das quadras da Orla]. É uma discussão subjetiva”.
