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UM DIA NA PRAIA

Chegar às praias do litoral paulista num feriadão prolongado é um desafio extraordinário. Após horas na estrada enfrentando o trânsito pesado, embaixo de um sol para mais de 35 graus, num calor infernal, as famílias de Jonatas e a de João em outro veículo conseguem finalmente adentrar a cidade praiana.
Acreditam estar próximos do apartamento alugado, uma quitinete para acomodar dez. Além da dezena de indivíduos composta por esposas, filhos, cunhados… ela, a sogra, ainda o Stanislaw, o gato e a Dercy, a poodle. Mas precisava levar? A sogra sim, ela é útil.
— Com quem ficou o endereço do apê?
— Pergunta Jonatas à Terezinha, sua mulher.
— Deve estar com o meu irmão. Acho eu. O João é quem ficou encarregado de organizar tudo.
Param os carros para conferir o endereço que não estava com o João, que por sua vez também não estava com a chave, que por sua vez também nem tinha idéia de onde ficava o tal imóvel.
— Não é possível, que cagada meu. – indaga Jonatas.
— Contudo estamos aqui e o importante é que conseguimos chegar, pô! — responde o incauto.
— E agora, João? A paciência acabou. João, pra onde?
— O que iremos fazer? – pergunta Eliane, a companheira
— Não esquenta não, eu dou um jeito. Tá todo mundo cansado não tá? Vamos todos para a praia, trocamos de roupa, damos um mergulho, salgamos a bunda, tomamos uma cervejinha e depois com calma a gente decide o que fazer.
Ávidos por um banho e cansados pela viagem todos concordam. Sem chance de estacionar próximo ao calçadão da praia, o jeito foi deixar os carros à longa distância da orla
Trocam de roupas e resolvem carregar só o necessário para a estadia momentânea: toalhas, guarda sol, cadeiras, caixa de isopor com as bebidas, baldinho e pazinhas das crianças, prancha, bóias, bola e as vasilhas de topwer repletas de tortilhas espanhola preparadas pela vovó.
Olhando ao longe aquelas pessoas caminhando mais lembravam retirantes do que veranistas. Andaram, andaram, andaram mais um pouco, até ganhar a praia.
Divertem-se tanto que nem percebem a noite chegar. Fazem o retorno da via sacra, agora incomodados pelas queimaduras, temperados pelo sal mais a preocupação em localizar o apartamento.
Tão logo chegam ao local, são surpreendidos:
— Cadê o meu carro? — pergunta atônito Jonatas. Percebera então que o seu veículo estacionado em local proibido fora guinchado.
— Bem que eu te avisei. Eu lhe mostrei a placa de proibido, mas você nem ligou. Por isso deixei o meu na outra rua. — diz o cunhado todo pimpão.
Mas como desgraça pouca é bobagem, o carro do João também não está no local onde estacionara. Quando leva mão no bolso da bermuda lembra-se de não ter trancado o automóvel e que ao sair esquecera a chave no contato.
— Caramba, que baita azar, agora só falta chover.
Então começa a relampear e a trovejar prenunciando uma tempestade daquelas, dignas de um verão.

Samuel De Leonardo (Tute) é publicitário. Atuou em diversas agências de Publicidade de São Paulo. Publicou os livros: “Hacasos” em 2016 e “Versos & Prosas” em 2022. Tem alguns de seus textos inseridos nos sites Recanto das Letras, Casa dos Poetas e das Poesias, e textos radiofonizados na voz do âncora Milton Jung, no programete Conte a sua história de São Paulo da Rádio CBN SP. samuel.leo@hotmail.com.br e Facebook@samueldeleonardo.

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