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Covas cria comitê de crise para priorizar ações e recursos para viadutos e pontes de SP

covasO prefeito de São Paulo, Bruno Covas, criou um comitê de crise para priorizar ações de emergência relativas ao viaduto que cedeu na Marginal do Pinheiros perto do Parque Villa-Lobos e da Ponte do Jaguaré, na zona oeste. Entre as medidas, estão a possibilidade de remanejamento de recursos orçamentários para projetos, ações e iniciativas para manutenção da segurança e estabilidade das pontes e dos viadutos da capital paulista.
A criação do comitê foi oficializada em decreto publicado no Diário Oficial da Cidade da última, terça-feira, 20. O texto retroage para ações tomadas desde o dia 15 de novembro. O decreto diz que “o impacto e a gravidade dos efeitos decorrentes da interdição” do viaduto na região do Jaguaré justificam a criação em caráter emergencial do grupo de trabalho para monitoramento da situação. Coordenado pelo prefeito, o grupo envolve, além do chefe de gabinete, outros 9 secretários e o procurador geral do município, Guilherme Bueno de Camargo. O Comitê será responsável por “coordenar medidas preventivas ou reparadoras, administrativas e judiciais” para manter a segurança e a estabilidade das pontes e dos viadutos da cidade. O documento determina que ações para manutenção das estruturas terão regime especial de atendimento prioritário. “Os processos administrativos receberão identificação própria e destacada que evidencie sua tramitação prioritária no âmbito municipal”, explica o documento. “As providências a cargo dos órgãos ou entidades municipais deverão ser adotadas no prazo de até 15 dias.”

Interdição
Com o objetivo de evitar congestionamentos, a Prefeitura de São Paulo liberou na última segunda-feira, 19, à tarde dois trechos, que somam 10 quilômetros, da pista expressa da Marginal do Pinheiros. Vinte quilômetros da via haviam sido interditados após o viaduto ceder. Os trechos liberados da Marginal são entre as pontes Estaiada e a Eusébio Matoso e entre as pontes João Dias e a Estaiada – a liberação não é contínua. A suspensão do rodízio de veículos vale entre a Avenida Bandeirantes, na zona sul, e a Ponte dos Remédios, na região oeste. A Prefeitura espera liberar mais quatro quilômetros da via expressa nos próximos dias. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Marginal do Pinheiros recebe 1,5 mil veículos por faixa a cada hora.

ponte_2Viaduto cedeu mais 5 milímetros
Da noite deste domingo, 18, para a manhã de segunda, 19, o viaduto cedeu mais 5 milímetros, segundo o secretário municipal de Infraestrutura e Obras, Vitor Aly. “Está tudo sob controle e estamos monitorando a estrutura.” Além do escoramento do viaduto que cedeu, os técnicos fizeram uma “janela” para dar acesso à parte interna da estrutura e avaliá-la melhor. Estão sendo instaladas dez estacas de sustentação na seção do viaduto danificado para sustentá-lo. Duas já foram instaladas, e a terceira começou a ser fixada nesta segunda. Depois, a Prefeitura usará macacos hidráulicos para montar um pilar de sustentação provisório. Só depois é que vai ser definida como será a obra de reparo e quanto tempo deve durar. A Prefeitura busca agora o projeto original do viaduto, erguido na década de 1970 pelo governo do Estado. “Não temos muito otimismo em relação a isso porque uns anos atrás, o arquivo sofreu um incêndio e não sabemos se a documentação ainda existe. Já entramos em contato com a viúva do professor (Walter de Almeida) Braga, que fez o projeto, e também estamos entrando em contato com a Companhia Brasileira de Projetos e Obras, que executou a obra”, afirmou o secretário Vitor Aly. “Sem isso (o projeto original), vamos ter de reconstruir o viaduto.”

Só trecho não terá rodízio
A suspensão do rodízio municipal de veículos, determinada pela Prefeitura após o viaduto ceder, valerá apenas para o trecho da Marginal do Pinheiros entre a Avenida dos Bandeirantes e a Ponte dos Remédios, no sentido Castelo Branco. “A liberação do rodízio não tem como objetivo liberar a circulação dos carros pela cidade, mas facilitar a saída da área de rodízio”, afirmou o secretário municipal de Transportes, João Octaviano Neto. Sem a medida, de acordo com ele, os motoristas que já trafegam normalmente pela região deverão enfrentar mais trânsito e seriam multados. “(A suspensão) não é para induzir o uso da Marginal Pinheiros na hora do rodízio.” Desrespeitar o rodízio é infração de trânsito de nível médio, resultando em multa de R$ 130,16 e acréscimo de quatro pontos na carteira de habilitação.
Prefeitura de SP diz ter encontrado engenheiro que ajudou a construir viaduto que cedeu na Marginal Pinheiros
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), confirmou na manhã desta quarta-feira (21) que um dos engenheiros que participaram da obra de construção do viaduto foi localizado. Roberto Abreu Camargo, de 76 anos, mora no Guarujá e passou todos os detalhes técnicos de como o viaduto foi construído. Essas informações podem ajudar o trabalho dos engenheiros.
O viaduto está localizado na pista expressa da marginal, no sentido da rodovia Castello Branco, em frente ao Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste.
“Nós encontrarmos o engenheiro que executou a obra, fomos ontem buscar ele em uma cidade do litoral paulista. Desde ontem ele tem acompanhado as ações da Prefeitura, o que vai facilitar muito as ações daqui pra frente”, disse Covas.
Questionado sobre o que deve ser feito para a liberação do viaduto, Covas disse que não há “nenhuma previsão de liberação” e nem como será remediado.

À procura do projeto
O viaduto foi construído no final da década de 1970 pelo governo do estado. Seu projeto, porém, não foi encontrado até agora. A Prefeitura disse que pediu ajuda da administração estadual para encontrar o documento. Segundo a assessoria da secretaria estadual, equipes do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) já estão em busca de informações sobre o projeto.
O secretario Vitor Aly, de Infraestrutura e Obras, garante que o fato de o projeto original não ter sido encontrado não está atrasando o diagnóstico do problema. Há uma empresa que começou a scannear todo viaduto, em 3D. E assim os engenheiros terão os detalhes exatos da obra.
Dois pontos de investigação na estrutura já foram abertos. A intenção é chegar a 4 para que se possa analisar o estrago por dentro – em detalhes. Só depois dessa investigação interna, é que os engenheiros terão o diagnóstico completo dos problemas da estrutura.

Ministério Público
A Prefeitura de São Paulo deveria ter criado, em 2007, um programa de manutenção de pontes e viadutos. O acordo, firmado com o Ministério Público (MP), não foi cumprido, e agora o município pode ter que pagar multa de mais de R$ 34 milhões. O Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado porque, na época, vistorias feitas pela Prefeitura e pelo Instituto de Engenharia identificaram que 50 pontes e viadutos necessitavam de intervenções, entre eles o que cedeu na semana passada, na Marginal Pinheiros.
O TAC previa que a Prefeitura deveria entregar, em seis meses, um cronograma com inspeções rotineiras e periódicas. Todas essas informações deveriam estar disponíveis na internet. Além disso, no prazo de 10 anos, deveria realizar a manutenção estrutural das 50 pontes e viadutos em situações inadequadas.
O combinado, porém, não foi cumprido. Por isso, a Promotoria de Habitação e Urbanismo informou que entrou com uma ação civil pública contra a Prefeitura. A multa prevista é de quase R$ 35 milhões e, segundo a Promotoria, já está em fase de execução.

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