A poucos meses de sua reabertura ao público, prevista para setembro de 2022 – quando será celebrado o bicentenário da Independência do Brasil, o Museu do Ipiranga passa pelas etapas finais de uma obra grandiosa do processo de restauração e modernização deste, que é considerado um dos principais cartões-postais de São Paulo.
Selecionado por meio de um concurso público, realizado em 2017, o escritório paulistano H+F Arquitetos, dos arquitetos Pablo Hereñú e Eduardo Ferroni, ficou responsável por toda a obra de restauração, modernização e ampliação do monumento de 7 mil m². Entre as 13 propostas apresentadas, a da dupla se distinguia por recusar que as intervenções na arquitetura existente sobressaíssem e por desejar que uma ampliação subterrânea acolhesse o público e criasse um momento de introspecção prévio ao desembarque no saguão com um impressionante conjunto de 24 colunas.
Além de recuperar a beleza da ornamentação do edifício-monumento construído em homenagem à Independência do Brasil – posteriormente tombado nas três instâncias de patrimônio histórico (municipal, estadual e federal) –, a empreitada, que teve início em 2019, vai torná-lo finalmente acessível e confortável, com escadas rolantes entre o novo subsolo e o térreo, e elevadores que dali alcançarão o mirante recém-implantado. Junto a esses, ficarão os sanitários, presentes em todos os andares. Salas antes reservadas serão abertas ao público, aumentando o espaço para o acervo de mais de 120 mil peças.
Pela primeira vez em 127 anos, um usuário de cadeira de rodas poderá percorrer todas as salas do Museu Paulista, popularmente conhecido como Museu do Ipiranga, e ver, entre outras obras, o imponente óleo de Pedro Américo Independência ou Morte (1888), estrela do Salão Nobre.
Até que sejam concluídos os trabalhos, certamente surgirão outros desafios às centenas de profissionais envolvidos na restauração do Museu do Ipiranga. Para a sociedade e as gerações futuras, já está assegurado aquilo que o processo traz de mais relevante: “Quando se restaura uma edificação como essa ou como a Capela de São Miguel Paulista, na qual trabalhei, restauramos uma população inteira, porque a arquitetura é uma representação das pessoas”, explica a arquiteta expert em patrimônio histórico Tânia Miotto, professora da Universidade Anhembi Morumbi, onde coordena o Laboratório de Preservação e Restauro. “Sempre tivemos de adaptar tudo aqui. Agora vivemos um ponto de inflexão: assumimos plenamente que ocupamos um edifício-monumento e que ele é a sede expositiva de um museu”.
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